Dicendi

18/10/08

PARA TI... MARIA

É fácil pensarmos que somos intocáveis; que tudo nos passa ao lado, de soslaio. Mas quando atravessamos a estrada do desconhecido, quando damos a mão à outra margem e sentimos que esse gesto nos percorre a alma, paramos… no tempo.

Estas são palavras simples, que o horizonte alberga no seu regaço. Por muito pouco que traduzam, ao olhar alheio, são repletas de emoção, senso e ternura. Este é um caminho que percorro desde sempre, como que fizesses parte das minhas fundações e alicerçasses toda uma estrutura, que nunca revelei ao mundo.

E perguntarás se mereces estas palavras. Penso eu. A resposta é que nunca fizeste nada para as ganhar, nem eu fiz nada para as escrever, apenas senti necessidade de as deixar sair, de livre vontade. As palavras apenas dão a cor que necessitamos, para fazer chegar aos outros o quanto somos a preto e branco. Nunca conseguiremos ser como um rio, que transporta uma água cristalina... mesmo que a luz nos trespasse o corpo, haverá sempre alguém que nos coloca uma pedra, sem sabermos.

Lembro-me que comecei dizendo, que pensamos ser intocáveis. É verdade. Mas não se consegue resistir a um sorriso, quando ele revela a alma, a bondade de que nos alimentamos e que nos faz crescer como Homens. Vou chamar-te Maria, sim… Maria… apetece-me, porque gosto do nome. É grandioso… de obra feita. Podias ter outro, mas este é-me familiar, foi-me arrancado das entranhas, a muito custo. Promete-me que cada vez que ao leres estas palavras, as vais sentir como tuas; que lhes pegues com as mãos, abertas, olhando na minha direcção.
posted by Henrique at 23:47

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