Dicendi

18/10/08

CARTA À MINHA AVÓ - 13AGO2008 (01:00 am)

Foram 42 anos Avó. Metade de uma vida. Não poderei voltar a dizer que te tenho, que te ouço. A alegria com que me recebias, a preocupação de saberes se estava bem… tudo… todo o amor de uma Avó para um neto… um neto como eu. Não te esquecerei... jamais. A vida terminou nos teus 86 anos, não poderei voltar a dizer com o maior orgulho do mundo, que te tenho, que nem toda a gente tem uma Avó aos 42 anos, mas continuarei sempre a amar-te e a ter-te comigo. Não é uma despedida, mas se soubesses o que me custa estas palavras. A realidade esteve sempre presente, sempre soube que este dia chegaria, desde há três semanas, mas sabendo da potência das tuas capacidades, da tua força interior, eu sabia que era difícil, mas bateste-te, como só tu o sabias fazer.

Peço-te Avó, quando chegares ao outro lado, depois da caminhada eterna… sorri-me. Naqueles momentos em que me lembrar de ti e não puder estar à distância de um toque, ajuda-me, quando sentir o frio e o gelo da tua ausência, abraça-me… muito.
Como eu queria tanto ouvir-te, agora. Chamares-me pelo nome. E que linda que tu eras, a Avó mais bonita, que um neto pode ter.

As lágrimas que correm… que teimam em cair-me pela cara… são revestidas a dor e a tristeza e, como eu gostaria, que esta carta te chegasse às mãos, para saberes, que apesar de me teres deixado o teu coração, também levaste parte do meu. Gostava de ter estado mais tempo contigo, que tivéssemos passado mais Natais juntos, que continuasses a ver-me envelhecer…
Quem te receber, que o faça com todo o carinho, aquele carinho e amor que recebeste de todos nós.

Um dia voltaremos a estar juntos e a ser meigos. Não leves a mal partilhar-te com o mundo, mas és digna se ser lida e ser vista. É também, uma forma de te perpetuar.


Um beijo do teu neto mais velho. ADORO-TE

posted by Henrique at 23:48

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