Dicendi

20/12/09

DIZEM QUE É UMA ESPÉCIE DE NATAL...

Chegou o Dezembro. As ruas, iluminadas de cor e artefactos alusivos ao Natal, que se aproxima, vão-me fazendo recuar no tempo, ao tempo da minha meninice. O Natal na minha tenra idade era um Natal diferente, diferente nas gentes, nos brinquedos enlatados, nos comboios a pilhas Tudor, que os faziam percorrer o número 8 infinitamente.

Até o Pai Natal… bem… isto do Pai Natal deixou de fazer sentido, quando apanhei a minha querida mãe a vestir-se de encarnado e com um barrete a pender para um dos lados. No primeiro dia de aulas a seguir às férias natalícias, todos os meus colegas de Sala de Aula (ainda não havia “turmas”) ficaram a saber que a minha mãe, afinal… era o Pai Natal.

Fui idolatrado durante alguns dias, depois tive de andar a fugir dos tipos, por supostamente… os ter enganado. Ia caindo em desgraça. E então eu, que tinha uma leve tendência para a vitimização. Actualmente, muitas famílias abrem os presentes ou prendas (isto de presentes parece uma chamada para uma oral) à meia-noite, outros abrem antes do bacalhau e outros abrem no dia a seguir às garrafas vazias. Lá em casa era sempre no dia seguinte, pela fresquinha. Não era a seguir às garrafas porque os meus pais bebem pouco álcool (graças a deus).

Eu era sempre “martelado” com caixas de Lego, umas construções em madeira (com instruções em espanhol), uns carros maravilhosos da Matchbox, que ao fim de dois dias já as portas faziam parte do passado. Suspeito que ainda me tocaram umas cuecas com desenhos animados e uns sapatos tipo “Eléctrico da Carris”, ou seja, eram iguais à frente e atrás... Os anos vão passando… e nós também. Hoje tudo é diferente, para melhor, ou talvez não. É diferente. Antigamente enviavam-se postais de Boas Festas, cartas por avião (os envelopes tinham umas risquinhas) e usava-se o telefone preto. Agora, envia-se emails, fala-se por telemóvel e ninguém guarda as sms numa gaveta do móvel da sala. É tudo diferente.

As crianças são dominadas pela tecnologia de ponta, pelas avalanches de publicidade alusiva à época, incriminando assim os pais na luta desalmada por tentar convencer os filhos de que aquilo não presta. Pensam eles… de nada serve. Mas tudo isto é lindo, quando falamos de Natal; tudo é aceitável, quando estamos nesta quadra. Mas… o que me fere a alma é assistir nos supermercados àqueles pais, que tanto desejariam levar aos filhos uns brinquedos iguais aos dos seus amigos, comprar um jogo para a PSP ou Playstation, despenderem de 50,00 euros por um jogo de computador… enfim… não podem, não compram. Mas estamos a falar de prendas de Natal, agora imaginem algumas mesas na noite da Consoada!

É nesses momentos, que quando olho para a minha frente, me lembro, que nesse preciso momento, uns estão bem e outros nem por isso. Não será, para muitas famílias, a noite de Natal uma noite igual às outras? Afinal será… uma espécie de Natal.

Boas Festas
posted by Henrique at 22:55

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