Dicendi

05/02/09

D’AQUÉM E D'ALÉM-MAR

Às vezes imagino um lugar longínquo. Não te acontece?
Rodeado de água, de vegetação… Há quem chame paraíso…
Quem sabe, se não te posso levar comigo, nesse sonho.
Rumar em direcção ao desconhecido, com o horizonte ao fundo…

E quando colocares os pés na areia, que deverá ser branca e fina
Deves lembrar-te que dificilmente voltarás atrás. Pensa bem…
Estou contigo, neste sonho e, de mãos dadas
Fui eu que te escolhi,
Desde que seja, desde que me queiras seguir

Parece pouco, eu sei, mas tudo farei, para que te sintas feliz
Para que não te arrependas, de partilhar esta experiência comigo
Mas vou convencer-te
Imagina um acordar único, que desconheces até então
Ao abrir os olhos, o que vês?
O que sentes, quando te afago os cabelos?
A brisa que nos percorre o corpo e… claro, a imensidão do mar, azul.

Não penses que tudo isto é um sonho, não.
Tudo isto é realidade, por isso… mantém os olhos fechados
E, enquanto a tua vontade for a mesma do que a minha
Estaremos um para o outro, com alegria, sem saudade
Sim, sem saudade. Porquê? Porque nos temos um ao outro

Chegou a hora de te dizer
Qual terra de aquém e além-mar
Basta um atalho, com cheiro a urze e dormideira
Basta um cruzar de olhares, para entender
Que tanto há para dar
Porque a nossa vontade existirá, sempre que se queira
posted by Henrique at 15:13

04/02/09

IN AETERNUN

Lembro-me de uma areia,
Lembro-me de uma praia.
Lembro-me de momentos únicos
Isolados no livro da memória.

Por muito que se escreva, nunca se chegará ao fim.
Será assim?
Um pensamento que passeia?
Pela nossa vida, pela nossa história?

Lembro-me do sorriso rasgado,
Lembro-me da luz, pelos olhos emanada.
E hoje, essa voluptuosidade, que ainda se mantém
Será sempre recordada

Os anos passam por nós
Como se tudo tivesse acabado
Mas as memórias preservam a chama iluminada
Para uma realidade que só o tempo poderá definir
Faz-nos sentir bem,
Faz-nos sentir acordados
Como uma meta que só alguns conseguem atingir

posted by Henrique at 18:20

03/02/09

RAZÃO DE SER











Algo me diz que tu és assim
Pura, inocente nas tuas palavras sinceras
Não estava previsto que existisses dessa maneira
Mas tudo tem uma razão de ser
O toque das tuas palavras cala o silêncio, que há em mim
Até posso fechar os olhos, à tua grandeza
E sentir o teu cheiro, o teu gosto e a tua subtileza
Relegas-me para o outro lado, o lado da imaginação
E fico feliz, por te encontrar
Por ver esse sorriso estampado no rosto
E esse olhar, que me ofusca e bloqueia
Algo me diz que tu serás assim
Amiga, mulher, mãe
Querida, também
Talvez um rio nos separe
Talvez um pensamento nos aproxime
Mas como te disse, a saudade tem um sorriso amargo
Umas vezes dói ou dá-nos esperança
Algo me diz que irás ouvir o sopro do vento
Que me levará até ti
Como se tudo à nossa volta não existisse
E fosse um momento
Algo me diz que tu és assim
posted by Henrique at 14:00

02/02/09

ESPERA UM POUCO...

Espera um pouco, peço-te,
Ainda me estou a recompor, de algo que perdi
Mas sinto o teu desespero
Mas de um momento para o outro, a dor passará
Aperta-me, nos teus braços
Nem que seja só esta noite, por um momento
Seca-me os olhos, compreende as minhas emoções.
Porque quero começar tudo de novo
Sinto que poderás ser a minha salvação
Aquela em quem posso acreditar
Tentarei fazer-te feliz, acredita
Estou a tentar mudar
Preciso de ti, agora
Ajuda-me
Sei que compreenderás, apesar de tudo
O meu coração está ferido
E só tu o poderás curar
Mas, espera um pouco
Peço-te
posted by Henrique at 16:23

01/02/09

O MULTICULTURALISMO

A sociedade é composta por grupos culturalmente distintos. As culturas mais pequenas, as minoritárias, são discriminadas. Muitas vezes relacionadas com questões de “etnicidade” e de preferência sexual, de idades e até mesmo de deficiências físicas. Acho que já devemos saber reconhecer a multiculturalidade e sobretudo respeitá-la e aceitá-la. Estamos no século XXI. No entanto, penso que para aquelas culturas minoritárias deverá haver legislação que as proteja ou defenda. Penso que a Europa tem de avançar rapidamente na preparação e desenvolvimento dessa matéria. Recordo-me das vezes que me desloquei a Inglaterra, mais concretamente Londres, onde constatei que em face às diversas etnias ali existentes se nota um grande avanço na defesa e respeitabilidade desses valores.

Às vezes penso: como é que é possível não aceitarmos pessoas provenientes de outras culturas e ao mesmo tempo saudarmos ou aplaudirmos o nosso clube de coração, onde jogam elementos de várias culturas? Parece-me uma situação paradoxal, com a qual não me sintonizo muito bem.

No aspecto das políticas multiculturais, os estados unidos foram, sem dúvida alguma, dos primeiros países a lutarem contra a discriminação racial e étnica, nomeadamente os afro-americanos, por direitos cívicos, políticos e intelectuais. Não consigo entender, como é que vivendo nós numa, cada vez mais, sociedade pluralista, um cidadão com uma cor ou religião diferentes não possa ter os mesmos direitos e deveres. Somos livres de escolher a nossa identidade e não devem ser as diferenças culturais a colocar em causa os nossos direitos e deveres como cidadãos.

Para aqueles países, pessoas ou grupos que não conseguem aceitar estas diferenças e se recusam a incluí-las na sua nacionalidade, essas diferenças são colocadas em guetos, com o mínimo de expressão e, pior do que isso, são consideradas um risco para a sociedade e identidades nacionais.

Penso que o multiculturalismo é fundamental para a união europeia. Julgo ser importante haver uma Europa unificada em termos culturais, onde possa existir uma cultura única, constituída por um grupo de países ou nações, em que os direitos tenham o seu lugar marcado na sociedade. Todos ganhamos com isso, porque há uma interacção cultural, de podermos trazer para a nossa cultura a cultura dos outros. Temos de saber conviver com as diferenças, com as outras culturas e não nos acharmos numa sociedade pluricultural quando sabemos que existem guetos, indiferenças intelectuais e socio-económicas.

Infelizmente as diferenças não passam só pela etnia linguística, raça ou cor. Existem as diferenças de classes, de rendimento económico, de orientação sexual e religiosa. Para aqueles que consideram essas diferenças, devem deixar de parte esses obstáculos e promover essas mesmas diferenças, para terem lugar e valor na nossa sociedade. Para mim a diferença é aquela em que as diferenças forem iguais.

Para mim, a multiculturalidade significa a convivência num mesmo espaço de diferentes culturas, onde essas culturas têm como fim uma cultura comum e, para isso, é preciso avançarmos no espaço e no tempo para a construção de uma cidadania multicultural.
posted by Henrique at 14:00

IMAGINA QUE...

Imagina que me conheces, mas imagina só!
Pensas que sabes tudo. Não é?
Que me conheces bem… tens razão.
Conheces mesmo
Desde pequenino…
Lembras-te quando dei os primeiros passos?
A primeira birra, os dois primeiros dentes…
Que engraçado….
Como ainda te lembras…!
Os primeiros sons
Que pensavas que alguém ia entender
Que giro….
Mas isso já foi há tanto tempo…
Como as coisas mudam. Não é?
Mas continuo o mesmo
Mais alto, mais velho e… mais diferente
Agora imagina que não me conheces, mas imagina só!
Como me idealizas?
Pensas que não sabes nada. Não é?
Ah! Ok… sou um ser igual a tantos outros…
Tens razão, não sou diferente.
Ainda que me julgues por isso
Pela indiferença
Sou igual ao tipo de cima
Aliás… Sou o mesmo
Não acreditas?
Eu ajudo-te…
Viste-me caminhar, pela primeira vez
A birra… ah! E os dentes… aqueles dois
As palavras que teimava em pronunciar… mas mal
Já sabes? Lembras-te?
Hoje, ao fim destes anos, estou igual
Tão puro como me viste
Tão diferente de toda a gente, porque me sinto tão diferente
Tão igual aos outros.
Àqueles que teimam em me fazer sentir indiferente
Aos que não me compreendem… coitados…
Não tiveram essa sensibilidade
E é por isso, que hoje escrevo para mim
Para marcar essa diferença de ser tão diferente
E de ser tão sensível… à insensibilidade dos outros
Sou eu… assim… diferente
De mim… de ti e de todos...
posted by Henrique at 00:56