Dicendi

18/10/08

A TI... MÃE


Mãe, estas palavras são para ti... são o conforto que pretendo que te chegue, no momento em que tentas esquecer o momento em que tu, sendo mãe, viste a tua partir. E parece que quanto mais velhos vamos ficando, maiores são os laços afectivos que nos prendem à carne, à nossa carne.
Reconheço que és mais forte do que eu nesse sentido, sofres na mesma, mas disfarças melhor o que te apoquenta, o que te entristece e apavora. A tua mãe, mãe, já lá está. A saudade ainda está no início. Vamos ter de a sustentar, com um sorriso e com uma alegria únicos, coesos.
Não penses muito, não te entristeças muito, de nada servirá e nada será impeditivo de continuarmos a amar quem… mesmo não estando presente, nunca nos abandonou. Se acreditarmos que… quem amamos, nos continua a ver lá do Alto… então temos todos os motivos para fazer sentir àqueles que partiram que estão e continuarão connosco.
Sou filho e fui neto, sei o que é sentir parte dessa dor. Mãe é mãe. Ser neto é ter mãe e pai duas vezes, independentemente de ser materno ou paterno. Por isso mãe, deixo-te aqui um beijo de conforto e, quando te lembrares do motivo que me levou a escrever-te estas palavras fá-lo com um brilhos nos olhos…. e outro... no Céu.
Um beijo.
posted by Henrique at 23:49

CARTA À MINHA AVÓ - 13AGO2008 (01:00 am)

Foram 42 anos Avó. Metade de uma vida. Não poderei voltar a dizer que te tenho, que te ouço. A alegria com que me recebias, a preocupação de saberes se estava bem… tudo… todo o amor de uma Avó para um neto… um neto como eu. Não te esquecerei... jamais. A vida terminou nos teus 86 anos, não poderei voltar a dizer com o maior orgulho do mundo, que te tenho, que nem toda a gente tem uma Avó aos 42 anos, mas continuarei sempre a amar-te e a ter-te comigo. Não é uma despedida, mas se soubesses o que me custa estas palavras. A realidade esteve sempre presente, sempre soube que este dia chegaria, desde há três semanas, mas sabendo da potência das tuas capacidades, da tua força interior, eu sabia que era difícil, mas bateste-te, como só tu o sabias fazer.

Peço-te Avó, quando chegares ao outro lado, depois da caminhada eterna… sorri-me. Naqueles momentos em que me lembrar de ti e não puder estar à distância de um toque, ajuda-me, quando sentir o frio e o gelo da tua ausência, abraça-me… muito.
Como eu queria tanto ouvir-te, agora. Chamares-me pelo nome. E que linda que tu eras, a Avó mais bonita, que um neto pode ter.

As lágrimas que correm… que teimam em cair-me pela cara… são revestidas a dor e a tristeza e, como eu gostaria, que esta carta te chegasse às mãos, para saberes, que apesar de me teres deixado o teu coração, também levaste parte do meu. Gostava de ter estado mais tempo contigo, que tivéssemos passado mais Natais juntos, que continuasses a ver-me envelhecer…
Quem te receber, que o faça com todo o carinho, aquele carinho e amor que recebeste de todos nós.

Um dia voltaremos a estar juntos e a ser meigos. Não leves a mal partilhar-te com o mundo, mas és digna se ser lida e ser vista. É também, uma forma de te perpetuar.


Um beijo do teu neto mais velho. ADORO-TE

posted by Henrique at 23:48

PARA TI... MARIA

É fácil pensarmos que somos intocáveis; que tudo nos passa ao lado, de soslaio. Mas quando atravessamos a estrada do desconhecido, quando damos a mão à outra margem e sentimos que esse gesto nos percorre a alma, paramos… no tempo.

Estas são palavras simples, que o horizonte alberga no seu regaço. Por muito pouco que traduzam, ao olhar alheio, são repletas de emoção, senso e ternura. Este é um caminho que percorro desde sempre, como que fizesses parte das minhas fundações e alicerçasses toda uma estrutura, que nunca revelei ao mundo.

E perguntarás se mereces estas palavras. Penso eu. A resposta é que nunca fizeste nada para as ganhar, nem eu fiz nada para as escrever, apenas senti necessidade de as deixar sair, de livre vontade. As palavras apenas dão a cor que necessitamos, para fazer chegar aos outros o quanto somos a preto e branco. Nunca conseguiremos ser como um rio, que transporta uma água cristalina... mesmo que a luz nos trespasse o corpo, haverá sempre alguém que nos coloca uma pedra, sem sabermos.

Lembro-me que comecei dizendo, que pensamos ser intocáveis. É verdade. Mas não se consegue resistir a um sorriso, quando ele revela a alma, a bondade de que nos alimentamos e que nos faz crescer como Homens. Vou chamar-te Maria, sim… Maria… apetece-me, porque gosto do nome. É grandioso… de obra feita. Podias ter outro, mas este é-me familiar, foi-me arrancado das entranhas, a muito custo. Promete-me que cada vez que ao leres estas palavras, as vais sentir como tuas; que lhes pegues com as mãos, abertas, olhando na minha direcção.
posted by Henrique at 23:47

10/10/08

ESTADO DE SÍTIO

Não fiquei surpreendido, quando as rádios e as televisões lançaram no ar o assalto ao BES. Afinal, estas situações têm tido o seu lugar-comum, nos nossos dias… em Portugal… sim… em Portugal. Para além dos crimes passionais, aqueles crimes que não conseguimos prever, porque nunca sabemos quando é que um filho quer matar a mãe, nem quando é que um pai e uma mãe se vão lembrar de deixar os seus filhos, crianças, sozinhos em casa, para se deliciarem com os amigos à mesa de jantar, num restaurante qualquer, sem chatices, mesmo que achem que os conseguem ver através das paredes a uma distância de 100 metros. Maddie? Não! Muitas mais… essa foi apenas uma situação que acabou da pior maneira.

No caso do assalto ao BES achei o desfecho o mais correcto… o único viável… dadas as circunstâncias adjacentes. Nós, portugueses, temos sempre aquela tendência para criticar… tipo treinadores de bancada. Somos tacticamente correctos, mesmo não dominando o assunto. Já ouvi e li críticas tecidas à actuação da polícia neste caso, por ter atirado a matar ou, como se diz na instituição, atirar para “neutralizar”. Se fosse ao contrário iria ler com certeza, críticas porque os sequestradores mataram os reféns e a polícia nada fez para os demover, agora que até temos uma tropa de elite muitíssimo bem treinada… diriam que as negociações não tinham sido bem conduzidas ou porque a polícia não atirou a matar… a neutralizar.

Tenho a certeza de que cada um de nós, no lugar dos reféns ou no lugar dos seus familiares quereríamos ver os sequestradores abatidos. Infelizmente a segurança compra-se… paga-se. Terão os bancos dinheiro para isso? Saberão eles quanto vale a vida humana? Ao ponto de a deixar correr riscos… e então os bancos que são tão hábeis a fazer cálculos, quando envolvem riscos… de outra natureza.

Não me interessa se são brasileiros, portugueses ou de Leste. A fraqueza humana não escolhe nacionalidades, mas num país onde toda a gente desembarca de mar, terra e ar, com vistos de três meses e acaba por se esquecer de regressar à proveniência admito que é preciso coragem para se assaltar um banco. Para além disso, os sequestradores estavam ilegalmente em Portugal, mas trabalhavam. Como as leis estão sempre em mudança, provavelmente já se pode empregar pessoas sem estarem devidamente legalizadas no país que as acolhe, e… se calhar, a descontar para a Segurança Social. Somos assim… boas pessoas. Gostamos de pagar na mesma moeda, quando nos lembramos de outros tempos. Sou contra a violência, sou a favor do diálogo, mas se temos tão poucos registos de sequestros em Portugal e agimos tão eficazmente, só me resta deixar aqui um alerta: Antes de assaltarem um banco ou sequestrar alguém, pensem duas vezes antes de o fazer. É que podem ser bem recebidos… pela polícia.
posted by Henrique at 15:21

04/10/08

AOS MEUS AMIGOS... DO PEITO

Não me esqueço do primeiro dia, da primeira noite, da forma como me receberam. A amabilidade espontânea, de quem realmente é constituído de uma formação exímia.

A vida pode dar muitas voltas, mas quando temos Amigos assim, temos o mundo nas mãos. São eles, e sem qualquer ordem de importância, Bruno, João, Jorge, José, Miguel, Nugas, Nuno, Pedro, Sr. Ramos, Ana, D. Helena, Paula, Salomé, Sara, Teresa, Teresa Fonseca e todas as maravilhosas crianças (Santiago, o gin será nosso) se me falhar algum nome, rapidamente o colocarei aqui.

À Tertúlia do Paço (o melhor restaurante da Lisboa) e ao seu pessoal, fiel. A todos eles, o meu coração, a minha alma, a minha dedicação e a minha amizade infinita. Vocês sabem como sou, do que sou capaz, que comigo, Amigo escreve-se com "A". Os momentos passados, e foram tantos, não fazem parte do passado, mas sim do presente e do futuro. Estaremos sempre juntos, estaremos sempre na linha da frente, de braços dados.

Sou e serei sempre o mesmo, o mesmo Henrique, mais longe fisicamente, mas à distância de um toque. Sou feliz, pelas pessoas que amo e pelos Amigos que tenho. A vocês, Amigos, a quem esta minha Homenagem, escrita, me parece tão curta, deixo-vos o endereço do meu coração, que é grande e tem muito espaço para vos receber. Os abraços trocados, as gargalhadas não acabaram, continuaremos os mesmos, unidos na vida, juntos na morte. Não vos agradeço, curvo-me humildemente perante todos. Até já.
posted by Henrique at 03:00